Kanü-Shi em japonês quer dizer canoa de papel.
Quando estamos em mar revolto, um barco é preciso, navegar, viver é impreciso. Navegar é como dançar. É preciso dançar o entre as coisas, o viver e morrer, entre céu e terra, entre começos e fins, entre encontros e partidas. No tempo da travessia vemos memória e imaginação se misturarem neste espetáculo que brinca com o tempo natural da vida cotidiana e o recria no tempo poético da cena. Uma mudança no passo para entrar no compasso impreciso da vida. Dançar, nesse caso, é a transgressão necessária, contrária ao tempo do viver à deriva, fora da canoa, onde tanto queremos embarcar. Dança no balanço de jangada no mar, de brancas nuvens no céu e dos pássaros lutando para voar. Tempo de sonho, sinfonia de vento. Se orientar é preciso.
“Travessia” é um poema corporal. O corpo que é morada de toda a vida. É impreciso expressar rastros por onde passamos. Um corpo que evoca ancestralidade é preciso. Uma canoa de papel é imprecisa, vulnerável como a vida. Completar a travessia é preciso. Infinito não é preciso. Meu coração não contenta: o porto, não!
Veja o release do espetáculo: TRAVESSIA KANÜ-SHI
Diretor: Fernando Rocha
Dançarinos-atores: Pablo Angelino, Jô de Oliveira e Lorrana Flores
Trilha Sonora e Fotografia: Ney Couteiro
Participação Especial (Trilha Sonora): Sabah Moraes (voz) e Jeferson Leite (rabeca)
Desenho de luz: Nando Rocha e Roosevelt Saavedra
Figurinos: Solange, Ana Maria Mendonçae Jô de Oliveira
Confecção: Criatto (figurinos 2010), Maria Eunice Angelino Queiroz (figurino 2008) e Jô de Oliveira (figurinos 2008 e algumas peças atuais)
Confecção Canoa Cenário: Marabá Artesanato
Produção, Cenário e Realização: Grupo Sonhus Teatro Ritual